Alguns registos: as expectativas, a experiencia…

Os cavalos ao longe perto da piscina, concretizavam a beleza que aquele local tinha. O terreno em frente à casa era um quadro de ervas, arvores e pedras, pedras que eram ruínas do tempo, túmulos do passado. Banqueteávamos sobre aquela vista.

O jantar posto na mesa corrida. Ervas e cheiros do campo entaipados nas panelas quentes. Mestre Ervas, o cozinheiro, sentava-se à cabeceira e quase nunca falava enquanto o Mensageiro, sentado a seu lado e atento aos discursos dos outros, nunca perdia a oportunidade para desenvolver uma conversa interessante. A Criança embirrava com o Advogado que, cheio de falsas certezas, gostava sempre de ter uma opinião final. A Selvagem brincava com a comida ao lado do Lobo – sem dúvida um ser pacífico – que acolhia todo aquele simpósio da forma mais cómica possível. O photo-man mantinha uma posição discreta como é devido a qualquer fotógrafo – a sua voz era muito atenta e cautelosa. Havia também um Mantra, uma Vítima, uma Amora, um Gago e uma Mãe.

Por vezes àquela hora, quando a lua vermelha nascia, surgia Maria que gritava “Allegria!”

O que me levou a participar na residência, organizada pela Luzlinar, foi não só o mote da residência – as artes performativas – mas também a curiosidade que tinha em conhecer a organização Luzlinar e o local, o Feital.

Eu acredito que, estas actividades onde há um interesse comum que leva determinado número de pessoas a viverem em comunidade durante um período de tempo, podem ser experiências formadoras na vida de uma pessoa. Os conflitos, os encontros e as necessidades que a vivência em comunidade exige, despertam, de forma intensa, a atenção que dedicamos aos outros e ao todo; penso que isso se pode resumir na riqueza de “encontrar alguém”, de encontrar o ser humano.

António Dente

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Confesso que não tinha gerado grandes expectativas em torno da residência Luzlunar, porque também não tinham avançado com muita informação sobre os conteúdos no anúncio que vi. A minha inscrição foi um pouco por impulso. Em todo o caso, a ideia de partilhar o mesmo espaço (não urbano) com outras pessoas, com um grau de entusiasmo/entrega à arte semelhante ao meu, bem como a hipótese de passar 5 dias focada nas artes performativas, agradaram-me bastante.

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"Melhorar" uma pessoa pode acontecer com o mais pequeno gesto: um sorriso inesperado, um abraço confortante...

Todo o ambiente que propicie a interacção/relação entre seres humanos, a quebra de barreiras sensoriais e preconceitos, ajuda a que nos tornemos melhores, ou pelo menos, mais conscientes (de nós próprios e dos outros). Neste sentido, uma residência artística é um lugar magnífico que actua como incubadora de conhecimentos, de troca e partilha de experiências, que potencia a generosidade e honestidade na relação com o outro, e com o próprio meio que se habita. O tempo liquidifica, e torna-se difícil entender a sua densidade: tudo passa num instante, mas enquanto dura perdemos a sua noção. E segundo algo que foi dito na residência, é bom que assim seja: porque a performance tem um tempo próprio, e quando não sabemos dizer quanto tempo passou, é sinal que estivemos "mesmo lá".

Carolina Santos

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Em tudo o faço e neste caso participo "jogo" com as expectativas muito altas… estou sempre à espera de me surpreender com o trabalho a realizar e com o conhecimento adquirir e claro seja com todo o grupo em si. No caso da residência só tenho agradecer a possibilidade de ter participado! Organização de alto nível, formadores conseguiram o grupo e estiveram sempre de uma maneira muito próxima e o seu método resultou em cheio, o sitio é fantástico as pessoas envolvidas foram (SÃO) lindas!! O resultado final: Brutal!!! Pena foi o último dia tudo ter que regressar a vida comum...

Uma residência como esta que se desenvolveu só atrai pessoas que tenham mesmo a vontade de o fazer…são estas pessoas que vão ganhar, (eu ganhei, estou mais rico!!) que vão melhorar a sua maneira de estar, de ver o mundo, de dar valor, de apurar todos os sentidos, de conhecer outros seres..o meditar, aproveitar a natureza como principal recurso, a luz da Lua, fazer uma pausa nas vidas atribuladas e "ouvir" o silêncio e descobrir que na vida se podem fazer coisas maravilhosas...Acreditar? Eu Acredito.

Roger Bento

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